A revolução tecnológica que atravessamos, impulsionada pela automação e pela inteligência artificial (IA), está a transformar profundamente o mundo do trabalho. Máquinas inteligentes, algoritmos capazes de tomar decisões e sistemas automatizados estão a substituir tarefas antes realizadas por pessoas, com impactos evidentes nos setores da indústria, serviços, comércio e até na administração pública.
Mas afinal, a automação e a IA representam uma ameaça ao emprego ou uma oportunidade de progresso e valorização dos trabalhadores?
Ameaça: substituição de postos de trabalho
Um dos grandes receios associados à automação e à IA é o da perda de empregos, sobretudo nas funções mais repetitivas, mecânicas ou previsíveis. Assistimos já à substituição de trabalhadores por máquinas em:
- Linhas de montagem industrial;
- Operações logísticas (como armazéns automatizados);
- Atendimento ao público (com quiosques automáticos e chatbots);
- Processamento de dados e tarefas administrativas.
Esta realidade coloca milhares de postos de trabalho em risco, principalmente entre os trabalhadores com menos qualificações ou em setores com menor capacidade de adaptação tecnológica.
Além disso, há o risco de precarização das relações laborais, com uma maior dependência de plataformas digitais, algoritmos que controlam o ritmo de trabalho e trabalhadores sem supervisão humana direta, como já acontece no setor da distribuição e entregas.
Oportunidade: qualificação, novas profissões e alívio do trabalho penoso
Por outro lado, a automação e a IA também podem ser instrumentos poderosos de progresso, desde que colocados ao serviço dos trabalhadores e não apenas dos lucros das empresas.
Entre as oportunidades que a tecnologia pode trazer, destacam-se:
- Eliminação de tarefas perigosas ou penosas, melhorando a saúde e segurança no trabalho;
- Aumento da produtividade, que, se bem redistribuído, pode permitir redução de horários e mais tempo livre;
- Criação de novas profissões e funções técnicas, ligadas à programação, manutenção, análise de dados e gestão de sistemas automatizados;
- Estímulo à requalificação profissional, valorizando competências humanas como a criatividade, o pensamento crítico, a empatia e a capacidade de resolução de problemas.
A chave está em garantir que ninguém é deixado para trás. E para isso é essencial investir fortemente na formação contínua e na reconversão profissional, com políticas públicas e empresariais sérias e estruturadas.
O papel do sindicato: proteger, acompanhar e influenciar
O avanço tecnológico é inevitável. Mas a forma como ele impacta o trabalho depende de decisões políticas, empresariais e sociais. E é aqui que entra o papel fundamental do SITESE.
O movimento sindical tem de estar presente em todas as etapas da transformação digital, para:
- Negociar a introdução de novas tecnologias, assegurando que os direitos dos trabalhadores são respeitados;
- Exigir formação paga e adequada para todos os trabalhadores afetados;
- Evitar despedimentos massivos, apostando na mobilidade interna e na requalificação;
- Lutar pela redistribuição dos ganhos de produtividade, sob a forma de melhores salários, menos horas de trabalho e mais direitos.
A automação não pode ser uma desculpa para reduzir pessoas a números ou para aumentar as desigualdades. Deve, sim, ser uma ferramenta para melhorar a vida de todos — e o sindicato é a estrutura que pode e deve garantir isso.
O futuro do trabalho constrói-se com os trabalhadores
Automação e inteligência artificial não são boas nem más por si mesmas. Tudo depende de como são implementadas e com que objetivos. Se forem usadas para concentrar riqueza e eliminar direitos, serão uma ameaça. Se forem usadas para libertar os trabalhadores de tarefas pesadas, valorizar competências e melhorar a qualidade de vida, podem ser uma grande oportunidade.
O que fará a diferença será a nossa capacidade de organização, exigência e luta.
Porque é Importante Sindicalizar-se:
Participe.
Decida o seu futuro.
Porque o progresso só vale a pena quando inclui todos os que constroem o mundo com o seu trabalho.
